O trabalho como gesto criativo
discutindo a ressocialização através do trabalho a partir da história das Colônias Agrícolas para Alienados no Brasil
Resumo
Pretende-se neste texto tratar da problemática do trabalho no âmbito do cuidado em saúde mental nas Colônias Agrícolas para Alienados no Rio de Janeiro, de modo a confrontar o cerne dessa que é uma das questões que lhe deram a sua razão de ser. Assim, brevemente passaremos pelo contexto de criação dessas Colônias e seus desdobramentos em direção aos territórios da Ilha do Governador e de Jacarepaguá. Veremos como havia um discurso predominante que defendia que o trabalho (físico, braçal) nesses espaços, praticado pelos seus internos, teria um papel fundamental no processo de cura, a chamada praxiterapia. Contudo, podemos observar ao menos dois momentos da concepção das relações entre labor e terapêutica: inicialmente, a atividade produtiva era compreendida quase como um bem em si, não havendo grandes progressos no tocante à qualidade de vida extramuros dos internos. Posteriormente, veremos a abertura para um leque maior de possibilidades simbólicas concernentes à formação subjetiva desses sujeitos que passam a não mais se dedicar exclusivamente a serviços manuais e subalternizados, mas se engajam em atividades criativas e que deixam marcas em seu percurso.
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