História da magia?
Historiografando técnicas de outras epistemes
Resumen
Este artigo apresenta resumidamente a trajetória de pesquisa que delineia uma tese de doutorado em vias de conclusão no HCTE. Parte-se de uma análise empírica de grupos religiosos de matriz afroindígena no Rio de Janeiro para a constatação de que a história da medicina no Brasil e a história da magia estão intimamente entrelaçadas. Expandimos nosso argumento destrinchando o desenvolvimento da psicanálise na Europa, seus precursores e desdobramentos, para mostrar que tal fenômeno não é de modo algum cultural ou localizado, mas universalmente humano. Defendendo o paradigma de pesquisa iniciado por Frances Yates em seu estudo sobre a contracultura do Renascimento, apresentamos ainda as contribuições de Cheik Anta Diop e a de pesquisadores do HCTE, que têm se debruçado recentemente sobre o problema. Transpondo nossa pesquisa para um olhar transdisciplinar, tornou-se ainda mais evidente o nosso argumento de que a razão científica e o desenvolvimento tecnológico não estão, nem estarão nunca desvencilhados do pensamento mágico e das experiências místicas. O progresso científico não é um afastamento dessa matriz arcaica humana, mas sim a sua continua reificação. A história das ciências e das técnicas é também uma História da Magia.
Descargas
Citas
BICHARA, M. R. R. Luz que veio de Aruanda: mediunidade e sincretismo na Umbanda. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós- Graduação em Psicologia (PPGPSI/UFRRJ), 2015.
BICHARA, M. R. R.; SILVA, N. S. Religião, medicina e inquisição: um ensaio sobre os conhecimentos que circulam nas tradições afro-brasileiras. In: Educação não formal em espaços religiosos: relações entre ciência, educação e religião. Org: Lana Fonseca. Belo Horizonte: Editora Venas Abiertas, 2019.
CHAITIN, V. M. F. G. Redes conceituais em mimeses na história das ideias: proposta de uma epistemologia pluralista. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ), 2009.
CLARK, S. Pensando com demônios: a ideia de bruxaria no principio da Europa moderna. São Paulo: EDUSPE, 2006 [1997].
DIOP, C. A. A unidade cultural da África negra: esferas do matriarcado e do patriarcado na Antiguidade Clássica. Portugal: Edições Pedago, 2014 [1982].
______. The African origin of civilization. Estados Unidos: Lawrence Hill & Co., 1974 [1955].
______. Civilization or barbarism. Estados Unidos: Lawrene Hill Books, 2011 [1981].
DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 1996 [1912].
ELLENBERGER, H. The discouvery of the uncouncious. London: Fontona Press, 1994 [1970].
FEDERICI, S. Calibã e a Bruxa. Editora Elefante, São Paulo, 2017.
FRAZER, J. G. O ramo dourado. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
GRAZIANO, W. Hitler ganhou a guerra: O poder econômico e o jogo de interesse por trás das relações internacionais. Tradução de Eduardo Fava Rubio. São Paulo: Editora Palíndromo, 2005.
HANEGRAAFF, W. J. Beyond the Yates Paradigm: the study of western esotericism between counterculture and the new complexity. Aries (Brill) v. 1, nº 1, Leiden, p. 05-33, 2001.
_____. New Age religion and Western Culture: esotericism in the mirror of secular thought. Leiden/New York /Köln: Brill, 1996.
______. The roll of gnosis in western esotericism. Palestra na Universidade da Holanda. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XwQ4G-CoToU&t=612s. Acesso em: 21/09/2022.
JOB, N. Ontologia Onírica: confluências entre arte, ciência, filosofia e magia. Rio de Janeiro: Cassará, 2013.
______. Conjurando uma bruxaria deleuzeana: vida-vortex-devires. 2022. Disponível em: https://www.academia.edu/41363795/Conjurando_uma_Bruxaria_Deleuziana. Acesso em 07 de setembro de 2022.
JUNG, C. G. Cartas. Vol. III. Petrópolis: Vozes, 2003.
______. A energia psíquica. In: Obras Completas v. VIII/1. Petrópolis, Vozes: 2010 [1928].
______. Mysterium conniunctionis. Obras Completas. V XIV/2. Petrópolis: Vozes. 1990 [1956].
LEVI, E. História da Magia. São Paulo: Editora Pensamento, 2019 [1859].
MANDELLI, R. Consciência criadora: perspectivas e convergências entre filosofia e ciência. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ), 2018.
MAUSS, M. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 1996 [1950].
MCVILLEY, T. The shape of ancient thought: comparative studies in Greek and Indian philosophies. New York: Allworth Press, 2002.
PINGUELLI ROSA, L. Tecnociências e humanidades: novos paradigmas, velhas questões. O determinismo newtoniano na visão de mundo moderna. Vol. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
______. Tecnociências e humanidades: novos paradigmas, velhas questões. A ruptura do determinismo, incerteza e pós-modernismo. Vol. 2. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
POCOCKE, E. India in Greece. Delhi: Pataudi House, 1972.
SANTOS, B. S. O fim do Império Cognitivo – afirmação das epistemologias do Sul. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
SCHENBERG, M. Pensando a física. São Paulo: Landy Livraria Editora, 2001 [1984].
TYLOR, E. B. Primitive Culture. London: John Murray, Albemarle Street, W. 1920.
STUCKRAD, K. V. The scientification of religion: an historical study of discursive change (1800-2000). Berlim: Walter de Gruyter, 2014.
VALENÇA, A. Sonhos Lúcidos: Pesquisa Online, Desenvolvimento de Habilidades e Terapias. Uma abordagem interdisciplinar. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ), 2019.
WEIR, J. A. Q. Da “virada ontológica” ao Tempo de Volta do Nós. Amazônia Latitude. Disponível em: https://www.amazonialatitude.com/tag/virada-ontologica/. Acesso em 11/10/2022.
YATES, F. Giordano Bruno e a tradição hermética. São Paulo, Cultrix, 1964.
Derechos de autor 2023 Revista Scientiarum Historia
Esta obra está bajo licencia internacional Creative Commons Reconocimiento 4.0.
Todos os artigos publicados na Revista Scientiarum Historia recebem a licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).
Todas as publicações subsequentes, completas ou parciais, deverão ser feitas com o reconhecimento, nas citações, da Revista Scientiarum Historia como a editora original do artigo.